quinta-feira, 15 de julho de 2010

Verdes Rosto Olhos Caneco

E sou o beijo na tua face o os teus lábios a mexerem-se para tocarem nos meus.

E este ventre o teu mais acima o coração, se me cortasses agora esvaía-me em sangue porque ele corre alucinadamente para ti.

Por causa da tua pele e dos dedos na tua carne e no esmaecer em ti quando o rio é uma linha pequenina a deitar-se no oceano que nunca conheci todo.

Todo és tu, és tudo, és as palavras todas e a correria de juntar o chocolate todo do mundo numa casa de jardim feita só de papoilas e rosas de cores que não existem.

Só para ti são as terras lavradas com os meus dedos e girassóis plantados ao sol num rodopio em direcção a ti e a brotarem com uma ou duas lágrimas que se me escorrem.

Escorrer e diluir-me num aglomerado depois irreconhecível.

Tu e Eu o Nós sempre a Singularidade.

Amar-te neste Amor todo poema.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Se fosses uma folinha de papel, dobrava-te com a forma de uma borboleta e punha-te na lapela do casaco, como se fosses um Crachá!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Os "meus" melhores concertos de 2008





Os "meus" melhores concertos de 2008

Sem ordem, sem preferência. Todos singulares. Música ao vivo. Inesquecíveis.


Mulgrew Miller - CCB
http//www.youtube.com/watch?v=bhnsGg_1wK0


Mudhoney - Cais do Ginjal

http//www.youtube.com/watch?v=vRfbk7XKsUU&feature=related


Neil Young - Oeiras Alive
http://www.youtube.com/watch?v=LYV6PAckr5w&feature=related



Danko Jones - Santiago Alquimista
http://www.youtube.com/watch?v=_9hD8LHvPzI&feature=related



The Gutter Twins - Santiago Alquimista
http//www.youtube.com/watch?v=4vB03XT5xEo



Capitão Fantasma - Oeiras Alive
http://www.youtube.com/watch?v=5AgTOnegQcw&feature=related



Vampire Weekend - Oeiras Alive
http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=5141476&postID=7955641659742548618



Zoltan Kocsis - Gulbenkian
http://www.youtube.com/watch?v=aYnP2-zJQaI&feature=related



Dave Holland quintet - Seixal Jazz
http//www.youtube.com/watch?v=g6R0GjY3agU



Cindy Blackman quartet - Seixal Jazz
http://www.youtube.com/watch?v=eUEF33i-eKA&feature=related




The Walkmen - Super Bock em Stock
http://www.youtube.com/watch?v=DtByHWIzVVA&feature=related



DapunkSportiff - MusicBox
http://www.youtube.com/watch?v=iHf27xxIOok



The Legendary Tiger Man - MusicBox
http://www.youtube.com/watch?v=dNfVAufSs7I




Dead Combo - ZDB
http://www.youtube.com/watch?v=mqnxPX1cHbg




Mão Morta - Theatro Circo, Braga
http://www.youtube.com/watch?v=qTqi2Ar8zYQ&feature=related



Phoebe - Super Bock em stock
http://www.youtube.com/watch?v=OSno137f8nc



Portishead - Coliseu
http://www.youtube.com/watch?v=G7mO__TIAzA
http//www.youtube.com/watch?v=JU6lXOjP5XU

quarta-feira, 18 de junho de 2003

Inconsciência do sonho

Queria sonhar. Sonhar como quem caminha deitado, de olhos fechados e ainda assim visse tudo à minha frente, como se estivesse de pé e fosse muito alto, mas deitado. Sonhar com um grito, que se prolongasse tanto que o ouvisse até lá na frente, ao fundo passado muito tempo. Ouvia esse grito, lançado do antigamente, que é agora, aqui, deitado.

Não me escapa nada. Está sol e nublado ao mesmo tempo, tem chuva e tem neve e calor, simultaneamente. Caminho, de pé, mas deitado. O grito avança, (sempre um passo, ou muitos)da forma como se propaga o som e eu vou atrás.

Gritei um bom bocado e silenciei-me. O som permanece, não sei se para trás, ou aqui, que é a frente para quem vem atrás. Adiante escuta-se, porque as aves desprendem-se das árvores a um ritmo certo, é o grito que as lança no ar.

Queria depois do sonho, sonhar outro sonho , onde os gritos fossem os murmúrios perfumados dos poetas. Um sonho sonhado dentro de um sonho, porque para se sonhar assim, só no resguardo das coisas pensadas a dormir, longe da consciência.

A andar de pé, mas deitado. A ver tudo. A poder ver tudo, sem ter ou desejar fechar os olhos a qualquer coisa. A realidade o próprio sonho. O sonho por uma realidade que desbrave os níveis mais inferiores do que temos contido em nós.




Tomaz XVIII/VI/MMIII

sexta-feira, 16 de maio de 2003

Lunáqua, seiva intersticial.
Vórtice de energia,
espúreo líquido nos olhos descerrados,
fluxo de pó liquefeito
em cuncumitantes ciclos de vida,
nem um vislumbre dessa alquimia
escondida em luas de prata
e massas oceânicas brandidas
aos magmas e estalactites,
tão constante como variante,
misteriosa,
reduzida a fragmentos únicos,
urde magias
filamento vivo omnisciente.

Lunáqua aura e aurora,
quem adivinha cumplicidades na água e no dragão?
um sorriso teu são marés,
um pestanejar, depressão no coração.

Medida de uma lágrima,
de uma torrente em catarátas ruidosas
Sémen, sangue, substância amniótica,
vinho e nectares e seivas.

Respostas encerradas nas perguntas,
conhecimento intuição.

segunda-feira, 24 de março de 2003

Ante a trémula fluorescência de uma vela,
as sombras projectadas na parede
mistura inóqua
dos corpos abandonados
à fina cadência
do murmúrio contido
as silhuetas enleadas
perfume de esgar apaixonado,
o pavio consome-se,
por momentos
tudo cessa,
nessa sucessão de pontos
amálgama de nós
duas consciências diluídas onde não lhes chegamos.

Ante a trémula fluorescência de uma vela,
só o vislumbre da linha disforme, no enleio que desenhamos,
se afigura como a possível ténue projecção do rio de lava,
que constitui a nossa génese.


Confio no que sei que vai fluir,
no mar que sei que sangra em mim
e te manchará, de gotas,
mais depressa que a fome
acontece magia,
a chama, essa, arde
não sabemos, nem queremos
quando parar ante este esplendor,
para além de cores e matizes.

Deixa-a arder!!!

Eventualmente há-de parar,
mas qual partícula fundamental
alimenta-se de tudo
e o braço do rio cresce, invadindo tudo sem piedade.

Mais quietos que a trémula fluorescência da vela,
somos a amálgama que resulta da matéria envolvente
e existimos nesse crepúsculo.

XXIV/III/MMIII

Tomaz

domingo, 9 de março de 2003

Túmulos Geométricos

Túmulos Geómetricos


O túmulo geométrico
não é senão
a nave do tempo
apontada às estrelas,
luzes cercadas de infinito.
O lento trote de segundos imemoriais,
transportam o deus menino
recolhido na noite estelar.
A lógica dos números
que vislumbramos caos,
aos nossos olhos,
massa cinzenta,
nosso julgar
e um mar, espaço exterior
que adivinhamos.
O azul, o negro.
O pó, coisa de todas as coisas,
onde a energia pura, se move crepuscularmente.
Atrás da porta, o postigo onde assomamos.
As perguntas são como horizonte longíquo,
não cessam,
não o alcançamos.
Sonhamos, navegamos, voamos
em túmulos geométricos.

Tomaz
VI/II/MM

sábado, 8 de março de 2003

Piano

Notas à volta no ar, o piano percutido com a força que vem do interior. Como é fácil enlear-me nos brancos e nos negros do teclado. A textura das cordas ressoa, sinto-a a desafiar os sentidos. Como é fácil deixar-me comover com as lágrimas que escorrem dos dedos que se agitam reflectidos no espelho verniz da madeira do Bosendorfer.
De quando em vez o pé acerta o soalho no mesmo tempo do compasso. Sala vazia. Cadeiras arrumadas. Esta noite ficará cheia e as melodias entrarão nos ouvidos de cada um. Desenhos e histórias desenhar-se-ão na imaginação. O ar sugado pelos seres dispostos lado a lado, os olhos fixos no perfil sentado, seguirão as tuas mãos travessas. O encantamento encherá os corações de todos quanto se deixarem invadir pela espessura das pautas inventadas no momento.
Perfeita a noite, fria, atrás das enormes portas de madeira, pesadas, que acolherão os sons que soltas de cabeça pendida, corpo suado e diluído na magia das palavras encadeadas que gritas ao piano.
Escalas e notas, destilam a perda e as matizes nocturnas da tua solidão. Grita, solta a voz e as entranhas, assim, assim...devagarinho e depois violentamente, como as mil pragas de mil tempestades desta vida maldita. Invade-nos com a tua água. De rios rápidos e tranquilos, sinuosos. Límpidos e frescos. Puros.
Um último sopro, terminas o tema, como o começaste, à procura, não é o fim nem o início. Termina apenas. Ali. Aqui. Na noite, um pianíssimo tão perto do silêncio quanto possível, como se se pudesse tocar o piano só em silêncios. Como é fácil o teu silêncio.

Tomaz

vertigo1973@hotmail.com